segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O VAMPIRO DA MATA ATLÂNTICA, de Martha Argel


O Vampiro da Mata Atlântica (Idea Editora, 2009) é a mais nova pérola que Martha Argel oferece de presente aos fãs do horror. Uma leitura rápida e ágil, difícil de largar antes do fim (eu precisei fazer isso duas vezes, muito à contra-gosto, rs).

O livro narra as desventuras de uma dupla de biólogos, Xavier Damasceno e Júlio Levereaux, que precisam realizar um trabalho num trecho da floresta citada no título. Lá chegando, eles se deparam com uma criatura inesperada, um sangue-suga muito mais perigoso que os malditos pernilongos que os atormentam.

Há muitos pontos elogiáveis no livro, então vamos nos ater a alguns deles: o fato de fixar a trama em dois personagens abre espaço para um sensação de solidão e desespero, com os dois biólogos (que não se dão lá muito bem) sozinhos contra uma força sobrenatural e difícil de compreender. Os dois personagens são bem aprofundados e realistas, sendo Xavier o herói relutante e Júlio um adorável manipulador. A relação entre eles é bastante interessante.

Os diálogos são um espetáculo à parte, pois Martha Argel sabe como ninguém construir diálogos que soam com naturalidade. Muitos escritores dizem que os diálogos são a parte mais difícil da escrita; não sei se a autora de O Vampiro da Mata Atlântica concorda com isso, só sei que ela domina essa arte com excelência. Tem um diálogo em particular que me fez soltar gargalhadas altas e incontroláveis (não apenas a conversa, toda a situação), mas isso é algo que não posso contar com detalhes.

O vilão da história é um vampiro sem muita finesse, por assim dizer: um predador cruel, imundo e mais feio que o demo. Como diria a genial frase da campanha publicitária, fazendo menção às fãs da série Crepúsculo: "Esse aqui você não iria querer como namorado". :)

Outro ponto interessante (na verdade, o grande diferencial da obra) é o realismo das atividades realizadas pelos personagens. Sendo uma bióloga de campo experiente, Martha Argel revelou que estava cansada de ler livros que se passavam na selva, mas que deixavam evidente a falta de conhecimento dos autores sobre o assunto. Podemos ficar tranquilos nesse ponto, pois detalhes fascinantes sobre a biologia de campo são mostrados no decorrer da história, com informações sobre a vida dos animais, plantas, ecossistema, etc. Tais informações estão bem integradas à trama, sem didatismo (imagine um livro do Michael Crichton com todos aqueles incríveis detalhes técnicos, mas sem a ocasional enrolação).

Resumindo, O Vampiro da Mata Atlântica é um livro ágil, divertido, interessante e tenso. Se você se interessa não apenas pelo horror, mas também por assuntos relacionados com a vida selvagem, este é o livro certo para você. Mas é claro, quem se interessa apenas pelo terror não ficará decepcionado. Não mesmo.

Se ainda duvida que a escrita da Martha Argel seja tudo isso que estou falando, clique aqui e leia um de seus contos. É o suficiente para dissipar qualquer ceticismo da sua parte, garanto.

E por enquanto é isso. Boa leitura e abraços!

Um comentário:

  1. Oi, Mario, obrigada pela resenha. Fiquei super-feliz em saber que vc curtiu o livro.
    Valeu mesmo!

    beijão da amiga
    Martha

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