domingo, 17 de julho de 2011

OS MAIS BELOS CONTOS TERRORÍFICOS DOS MAIS FAMOSOS AUTORES - SEGUNDA SÉRIE, vários autores


Lembram da resenha que fiz do livro Os Mais Belos Contos Terroríficos dos Mais Famosos Autores? Bem, este aqui é simplesmente a "continuação", com a mesma proposta e contos diferentes. Para alguns, este aqui é ainda melhor do que o primeiro. Eu acho que não chega a tanto (só a capa que é muito melhor, obviamente), mas concordo que esta coletânea é realmente extraordinária.

Sem qualquer introdução, o livro já começa bem com o conto O Retrato, de Washington Irving (conhecido autor de A Lenda de Sleepy Hollow e considerado por alguns como o inventor do gênero "conto"). Aqui, um grupo de convidados em um castelo começa a conversar sobre eventos sobrenaturais, quando o anfitrião revela que há um cômodo naquela construção que muitos consideram assombrada. Os convidados duvidam e um deles se dispõe a passar a noite no quarto. Vocês, leitores experientes, já devem ter desconfiado que a noite dele não será das mais tranquilas.

A segunda história, O Reflexo Perdido, é do conhecidíssimo E.T.A. Hoffman. O conto começa bem, narrando o encontro de um homem com uma pessoa amada e há muito tempo não vista; muita gente vai se identificar com a situação e com a dor do personagem ao descobrir que a pessoa está comprometida. Tomado pelo desespero, ele foge para um bar, onde irá conhecer um estranho homem que parece ter medo de espelhos, o que irá acarretar em fatos interessantes, mas não muito memoráveis. Para um Hoffman, achei fraquinho (mas é claro, ainda assim continua sendo um conto acima da média geral).

O terceiro conto é de Poe, outro que dispensa apresentações. O Demônio da Perversidade, na verdade, parece mais um ensaio (ou uma longa elucubração) sobre a perversidade humana e como ela nos aprisiona. Texto chatinho do grande mestre, que tem vários textos mais interessantes para figurarem em uma antologia como esta.

Uma Feliz Experiência de Dessecação, de Edmond About, é até bem interessante, narrando os esforços para ressuscitar um Coronel francês aparentemente morto por hipotermia. O final satírico provavelmente teve mais efeito na época do conto, mas ainda funciona. Pena que, como terror, também não convence.

Depois de três textos um tanto desanimadores, a coisa melhora com Uma Estranha Cama, de Wilkie Collins. Aqui, um jovem tem uma noite de sorte no jogo e, por estar ébrio, aceita passar a noite em um quarto no lugar onde estava jogando. Claro que, assim como no primeiro conto, sua estadia será atribulada, mas não da maneira que o leitor espera. Conto arrepiante, com um desfecho bastante adequado.

(A partir daqui vou pular alguns contos e comentar apenas os dignos de nota)

As Sombras da Noite, de Paul Marguerite, é uma sólida e arrepiante história de amor. Um jovem médico se apaixona pela filha de uma paciente, mas ao pedir a mão da garota em casamento (sem consultar a mesma... época interessante aquela!) descobre que a mesma é noiva de um oficial da marinha. No entanto, a moçoila demonstra algum interesse pelo rapaz, mas a chegada providencial do noivo com cara de poucos-amigos trará sérias consequências. Muito bom!

H. Heinz Ewers trás aquele que talvez seja o ponto alto do livro, A Aranha. Conto de terror basicamente psicológico e de contornos Freudianos, conta a história de um estudante de medicina que deliberadamente deseja morar em um quarto de hotel onde três homens já cometeram suicídio. Apesar da hesitação dos donos do hotel e da própria policia, o sujeito consegue seu intento. No quarto em si ele não repara nada de estranho, porém desenvolve uma estranha fixação pela vizinha da construção em frente, que sempre vê na janela, sem nunca se comunicarem. Obra-Prima é pouco para definir.

As Mãos Estranguladoras, de M.G. Moretti, é talvez uma das histórias com trama mais redondinha, desenvolvendo a narrativa com perfeição. Um homem recebe um bilhete pedindo ajuda, de um homem que o enganou no passado; sem entender bem o porquê, resolve atender o pedido (mais desejoso de confrontar o FDP do que qualquer outra coisa), e lá descobre que o salafrário está sendo assombrado por outro personagem em que também passou a perna. Assustador e excelente!

A Verdade das Lendas, de Emílio Carrère, quase poderia se passar por uma das narrativas supostamente reais de Ambrose Bierce, narrando minúsculos (e arrepiantes) acontecimentos envolvendo fantasmas ou previsões. Sucinto e eficiente.

Armiger Barclay trás uma aparição diferente das demais da coletânea (um tipo conhecido na literatura, mas nada mais posso dizer para não estragar a surpresa) em A Câmara da Morte. A história pode ser considerada um tanto clichê hoje em dia, mas sua antiguidade a absolve de ser uma cópia ou plágio involuntário, alçando-a à provável condição de precursora. Com momentos legitimamente amedrontadores, creio que será o preferido de muitos leitores.

O Cérebro no Frasco, de Norman Elwood Hammerston, já serviu de inspiração para um ou outro filme B dos anos 50. O ponto de partida inegavelmente trash sobre um cérebro mantido vivo em um laboratório é abordado de maneira elegante e deliciosa, e certamente irá agradar os amantes de filmes antigos de horror.

A Casa do Juiz é outra preciosidade, trazida por um autor desconhecido aí chamado Bram Stoker (se alguém souber outro livro que ele escreveu, favor me informar, ahauahau). O típico personagem que resolve buscar isolamento para estudar aluga um casarão, que pertenceu a um Juiz tirânico e injusto. O horror que ele viverá lá dentro será dos mais intensos do livro inteiro, do tipo que pode causar mal fisicamente. Polegares para cima pro Sr. Stoker.

Olhos Ambarinos é de outro mestre do macabro, Henry Kuttner (autor do clássico Os Ratos do Cemitério, já resenhado por aqui). Nem vou comentar nada para não estragar, só digo que é mais um texto obrigatório para quem gosta de literatura de horror.

Falando em olhos, o conto seguinte chama-se Os Olhos da Múmia. O autor Robert Block consegue a proeza de pegar um dos temas mais desinteressantes do gênero horror (bom, eu não gosto de múmias!) e montar uma trama surpreendente, provando que quando o escritor é bom, consegue tirar leite de pedra.

O Cálice de Ouro (não tem nada a ver com Harry Potter, rs), de Frank Gruber, acaba se revelando bem clichêzenta. Embora eu não possa criticar esse fato (oras, clichês não faltam em muitos dos contos que elogiei até aqui, sem contar o fator antiguidade), o problema é que o lugar-cumum desta história acaba não funcionando a contendo. Dispensável.

O Soro da Vida, de Paul S. Powers, narra as estranhas experiências de dois cientistas que tentam enganar a morte. No plano sobrenatural tudo parece se encaminhar bem, mas é uma pena que um mal muito mais terreno possa por tudo a perder. Legalzinho.

Tally Mason trás uma história sucinta que arrepia cada pelinho do braço, chamada O Último Disparo. Um andarilho expulso de um vagão de trem vai pedir ajuda em uma casa, onde é recebido por estranhos moradores. Novamente um clichê, mas que ao contrário de O Cálice de Ouro, aqui ele funciona.

O Preço da Cabeça é meu segundo conto favorito da obra. O autor, John Russel, conduz com maestria a estranha fidelidade que um nativo polinésio demonstra por seu amigo, um branco que há muito perdeu tudo que tinha e se entregou à bebida. Com ironia afiada, a história se desenrola lentamente, quase como as ondas das praias onde boa parte do conto se passa, para chegar ao desfecho absolutamente macabro.

O último conto (putz, acabei falando de quase todos!) chama-se O Cérebro Morto, e revisita um tema já mostrado em um conto anterior (e não, não estou falando de O Cérebro no Frasco). A comparação é inevitável e a presente história sai perdendo, mas ainda assim é interessante por mostrar uma abordagem diferente do mesmo tema, fechando o volume com dignidade.

Enfim, embora não seja tão memorável quanto o primeiro volume, Os Mais Belos Contos Terroríficos dos mais Famosos Autores - Segunda Série ainda é uma das melhores antologias do gênero que tive o prazer de ler (e olha que li MUITAS). Caso você encontre, não deixe de adquirir esta preciosidade.

Grande abraço, boa leitura!

domingo, 10 de julho de 2011

Sugestão de Blog: SOBRE O MEDO

Boa noite, leitores. Hoje não tem resenha (prometo uma pra essa semana), mas tem algo ainda melhor. Descobri um blog com ensaios, resenhas, biografias e etc, tudo sobre literatura de horror. São dez colaboradores que manjam muito do assunto, com ensaios e resenhas fantásticas (bem melhores que as minhas, diga-se de passagem). Enfim, entrem lá e deliciem-se (mas não vão ficar por lá e me esquecer, vocês podem frequentar os dois blogs, eu deixo, ahauah).

O link é http://sobreomedo.wordpress.com/

Grande abraço, até breve.

domingo, 3 de julho de 2011

EU SOU A LENDA, de Richard Matheson


Olá, leitores. Faz tempinho que não posto nada aqui, hein? Shame on me! Bom pretendo mudar isso nas próximas semanas, e tentar fazer ao menos uma postagem por semana. E para enriquecer nossa tenebrosa biblioteca, trago hoje aquele que é, na minha modesta (que de modesta não tem nada) opinião, o melhor livro de vampiros já escrito: Eu Sou a Lenda, do fabuloso escritor Richard Matheson.

"Mas peraí um pouquinho!", esbraveja o leitor apressado, "isso aí não é a história que deu origem aquele filme com o Will Smith, que até começa bem, mas cuja metade final é piegas e idiota ao extremo?". Sim, de fato o filme com nosso eterno Fresh Prince se baseia no livro, mas Matheson não tem qualquer culpa por Hollywood ter estragado mais uma grande história.

A edição mais recente foi publicada pela editora Novo Século, trazendo na capa a arte do filme citado acima e também outros contos do Matheson de lambuja (porém, ao contrário de O Incrível Homem que encolheu, que também trazia histórias curtas, nenhum dos contos aqui me pareceu digno de nota). Bem antes disso, o livro foi publicado pela Editora Francisco Alves com duas capas, uma é aquela que está lá em cima, a outra segue abaixo, com um título diferente (mas o livro é exatamente o mesmo).



Provavelmente, o título diferente serviu para pegar carona na adaptação cinematográfica do mesmo livro feita em 1971. Sim, o manuscrito teve outras adaptações cinematográficas além da versão com Will Smith, sendo que a primeira foi Mortos que Matam (64) com Vincent Price. Contudo, adaptações cinematográficas ruins à parte, falemos do livro por enquanto.

Como é comum nas histórias de Matheson, Eu Sou a Lenda já começa de maneira instigante; somos apresentados a Robert Neville, que vive uma rotina de aparente isolamento em uma cidade abandonada; ele está averiguando os estragos feitos em sua casa/fortaleza durante a noite, e ocupa-se em consertar tudo rapidamente, antes do pôr do sol. Logo, descobrimos o porquê dele precisar agir apressadamente durante o dia, arrumando suas defesas e partindo em perigosas expedições em busca de mantimentos: o mundo foi povoado por vampiros e, pelo que tudo indica, ele é o último ser-humano da face da Terra.

A história é narrada de uma maneira lenta, mas nunca desinteressante, mostrando a rotina de um sobrevivente, a luta diária (e noturna) de Robert Neville. Aos poucos, vamos descobrindo o que aconteceu para o personagem chegar aquela situação, e nesses pontos a história ganha sua força, por mostrar explicações perfeitamente coerentes (com a trama) para a existência de vampiros. Tudo é bem explicado, a alergia deles ao alho, a intolerância à luz do sol e, principalmente, a sede por sangue. Ok, ok, vocês já devem ter lido muitos livros ou assistido muitos filmes que também tinham explicações para esses aspectos, mas é provável que essa história tenha sido uma das pioneiras (o livro é de 1954). Mesmo que não tenha sido, é o que tem as melhores explicações de todos os que eu li, sem didatismo, tudo com a sutileza dos grandes mestres do fantástico.

Mas é claro, tudo isso ainda seria insuficiente para tornar este livro uma obra-prima, mas aqui entra o grande trunfo do mestre Matheson: o terror psicológico. Assim como no maravilhoso O Incrível Homem que Encolheu, o autor esmiuça tudo que um ser-humano sentiria em uma situação de total desesperança, medo e isolamento. Ao contrário de um náufrago, que sempre tem a esperança de ser resgatado e voltar para junto de seus semelhantes, Robert Neville SABE que é o último homem existente, o que trás questionamentos interiores soberbamente interessantes, tornando-o um personagem inesquecível. Existe um capítulo no livro que é absolutamente tocante (que poderia ser considerado spoiler, então vou escrever em outra fonte. Se não quiser saber, pule o parágrafo escrito em azul!): a praga que dizimou humanos também dizimou os outros mamíferos (ou então os vampiros acabaram com todos, não lembro bem), mas surpreendentemente, Robert avista um cão zanzando pelas redondezas; quase enlouquecido de solidão, o personagem tenta fazer amizade com o bicho, que foge apavorado; depois disso, acompanhamos todo o esforço de Robert para atrair o animal, que seria uma companhia de valor incalculável naquele mundo vazio. O suspense e o sentimento de piedade desse trecho são quase insuportáveis, e o desfecho... bem, você terá que ler para descobrir.

Os vampiros do livro são muito diferentes do vampiro elegante e sedutor, mais conhecido por todos, mas também diferentes dos vampiros bestiais e selvagens do filme homônimo (ou de outras obras recentes, como Noturno ou A Passagem (aguarde resenha deste para o futuro); pode-se dizer que os vampiros de Eu Sou a Lenda são quase um híbrido entre vampiros e zumbis, pois não são muito inteligentes nem muito rápidos, mas ainda se comunicam e suas características principais são, claramente, de vampiros.

O melhor do livro é a parte final, onde Richard Neville descobre uma inconveniente verdade e, sem remédio, faz aquilo que julga necessário em um clímax estupendo (e só um bilhão de vezes melhor que o clímax estúpido do filme).

Eu Sou a Lenda é isso: isolamento, questionamentos interiores, suspensente, terror e um final que deixará uma impressão duradoura. Mais um que é apenas obrigatório.

Abraços, e até breve (prometo!).

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O PACTO, de Joe Hill


Mais um livro do filhote de Stephen King saiu no Brasil. Depois do inconstante A Estrada da Noite (que começa bem, mas se perde após a metade final) e do excelente Fantasmas do Século XX (cuja resenha pode ser conferida aqui), a editora Sextante trás o ótimo O Pacto, sobre um homem que se transforma... no diabo!

Premissas que flertam com o realismo mágico ou a simples fábula são uma constante na obra de Joe Hill, que nos presenteia com uma obra que não fará muito sentido para o leitor comum, mas agradará em cheio os fãs do horror. A trama, sem muitos spoilers, é mais ou menos a seguinte: o azarado Ignatius Perrish acorda um belo dia com chifres na cabeça; deixando as piadinhas de lado (embora acabe sendo revelado que ele foi corneado mesmo, he he), o atônito personagem descobre que seus novos adereços causam um estranho efeito nas pessoas: elas revelam seus piores pecados e mais obscuros desejos, como se estivessem conversando com seu demônio interior. Assim, Ig (apelido carinhoso do personagem) é obrigado a escutar os maiores horrores de seus amigos e parentes, descobrindo aquilo que as pessoas que mais confiava pensam dele... ou pior, fizeram para ele. Com uma recente tragédia em seu passado (sua namorada foi estuprada e morta, e ele foi um dos principais suspeitos no início), o ressentimento que era mantido nas profundezas por todos à sua volta acaba vindo à tona, com consequências literalmente infernais como, por exemplo, descobrir quem é o verdadeiro assassino.

Nesse livro, a escrita de Joe Hill está mais próxima da de seu papi, alternando passagens no presente com a pré-adolescência de Ig, sua relação com a (apaixonante) namorada Merrin e com seu estranho amigo Lee. Particularmente, gosto bastante dessa estrutura (conhecemos os personagens quando já estão bem avançados na trama, então a história volta e ficamos sabendo como eles se conheceram e de que forma a situação os levou até ali), acho que é uma forma muito válida de despertar curiosidade no leitor. Hill constrói os momentos nostálgicos com maestria, quase lembrando a genialidade com que seu pai constrói personagens infantis (vide A Coisa, O Iluminado, A Hora do Vampiro, O Talismã e tantos outros), mas ainda com um estilo próprio e marcante. Joe Hill não é tão engraçado ou detalhista, sua ironia pontua frases muito mais sucintas e, talvez, mais elegantes, recheadas de citações à cultura pop. Seus personagens lembram mais o estilo Neil Gaiman, calados e pouco expressivos, mas que conseguem ser carismáticos mesmo sendo discretos, nunca rasos, sempre bastante ambíguos.

Mesmo que esteja, de certa forma, se "transformando no demônio" e dando vazão ao seu lado obscuro (inclusive com uma hilariante cena envolvendo uma avó e uma cadeira de rodas), Ig continua sendo o (anti?) herói da história, lutando para fazer justiça à amada morta, embora não saiba se ela foi uma pessoa muito boa em seus dias derradeiros. O vilão (que não posso revelar aqui) é um dos personagens mais interessantes que vi nos últimos tempos, o perfeito psicopata frio e sedutor, que está sempre um passo a frente dos demais. Entrou pra minha galeria de vilões favoritos.

O Pacto não é um livro exatamente de horror, talvez seja mais uma fantasia sombria, com momentos de refinadíssimo humor negro, tensão, revolta e um ou outro trecho legitimamente assustador (um em especial, envolvendo uma casa de árvore e um altar pagão, me deu calafrios). O dúbio clímax do livro é um dos mais satisfatórios que li nos últimos tempos, do tipo que não seria aprovado pela Liga das Senhoras Católicas, mas que agradará você, leitor pronto para histórias que cruzam as fronteiras da moral e dos bons costumes, he he. Enfim, fica mais uma dica para quem está afim de uma obra diferenciada, até um pouco difícil de enquadrar, mas que agradará em cheio os fãs da ficção de terror.

Abraços, boa leitura.

sábado, 29 de janeiro de 2011

GEOGRAFIA DOS MITOS BRASILEIROS, de Luís da Câmara Cascudo


Hoje, trago algo diferente para vocês, caros leitores. Não é um romance nem um livro de contos, embora haja uma infinidade de histórias maravilhosas dentro de suas páginas. Trata-se de Geografia dos Mitos Brasileiros, de Luís da Câmara Cascudo (Global Editora).

Cascudo é, talvez, o mais famoso estudioso do folclore brasileiro. Jornalista, advogado, antropólogo e outros títulos mais, o incansável aficionado por nossas lendas e costumes publicou uma infinidade de textos e livros sobre o assunto... Digamos assim: se você vai escrever qualquer coisa sobre mitos brasileiros, as obras de Cascudo são tão indispensáveis quanto uma bíblia seria para alguém que fizesse uma tese sobre Adão e Eva.

Dentre as obras desse mestre, está o fantástico Geografia dos Mitos Brasileiros, que trata especificamente dos nossos... monstros! Sim, meus amigos, este é um livro que trata de sacis, curupiras, boitatás, mulas-sem-cabeça, lobisomens e mais uma infinidade de criaturas menos conhecidas (mas não menos assustadoras), como o Chibamba, a Alma de Gato, o Gorjala, Alamoa, o Arranca-Língua, a Anta-Esfolada, etc e etc.

De linguagem fácil e prosa gostosa, Cascudo expõe a VERDADEIRA riqueza das lendas brasileiras, sem cair no ufanismo imbecil de quem apenas diz "temos que valorizar a nossa cultura", mas não consegue diferenciar um Saci de um Curupira. Assim, o leitor desavisado que acha que a Cuca foi invenção do Monteiro Lobato, ou pensa que nossas lendas são pobres em comparação com as estrangeiras (como a européia cheia de Elfos e Ogros, os vampiros vindos de todo o mundo, etc) fica chocado e maravilhado com a multiplicidade de detalhes interessantíssimos e, muitas vezes, aterrorizantes de nossos fantasmas e monstruosidades, que tiveram influência não apenas dos índios, mas também dos portugueses, negros e de todos os povos que colonizaram essa pátria amada (e muitas vezes odiada) por todos nós.

Por exemplo, vocês sabiam que em Minas Gerais, as mães costumavam (e talvez algumas ainda costumem) ameaçar os filhos, dizendo que à noite eles poderiam ser visitados por uma criatura chamada Mão de Cabelo? Essa entidade enfia a mão por debaixo das cobertas e confere se o menino está seco ou se fez xixi na cama, e caso esteja molhado, o bicho CORTA O PÊNIS da criança!!!! Meo Deos, se eu fosse uma criança mijona, creio que teria precisado de anos de terapia para me recuperar dessa histórinha :(

Sabiam também que o conhecido demônio dos índios conhecido como Anhangá era, na verdade, um deus mais adorado que Tupã? Porém, com a chegada dos portugueses e com a catequização, a igreja católica transformou uma divindade maior dos índios (Anhangá) em um verdadeiro demônio, e alçou Tupã (um deusinho mequetrefe) a uma categoria maior, visando assim facilitar os indigenas para o cristianismo? Estou simplificando aqui, mas é basicamente isso... e agora você já sabe, TUPÃ NÃO É DE NADA E ANHANGÁ DETONA, e o contrário é intriga da oposição, hauahaua!

E outra, já ouviram falar que, além de uma mula-sem-cabeça (que é no que se transforma a mulher que dorme com um padre), também temos um cavalo-sem-cabeça, que é nada mais, nada menos, o padre que falta com sua promessa de castidade! Uma injustiça corrigida com as pobres moçoilas seduzidas pelos galãs de batina (só faltou um monstro em que deveriam se tornar os padrecos pedófilos, mas vamos dar tempo ao tempo).

Cascudo colheu muitas informações direto da fonte, ou seja, ouvindo causos de ribeirinhos, caboclos e de uma miríade de pessoas que vivem nos mais isolados cantos do Brasil. Assim, dá-lhe histórias fantásticas contadas por pessoas que realmente acreditam que viram uma serpente gigante passando pela sua fazenda durante a noite, ou que juram que foram atacadas por um lobisomem durante um passeio noturno! Histórias de arrepiar, que não fariam feio em volta de uma fogueira.

Impressiona ver como muitos mitos se confundem ou mudam de uma região para outra; assim, o curupira de pés virados muitas vezes é cunfundido com Caapora ou Caipora, que pode ser uma índia bonitinha ou um monstro também de pés virados. Nossas criaturas são multifacetadas, mudando completamente de aparência e costumes de um lugar para o outro!

Diante de tantas informações, fica a pergunta: porque é que nossos mitos são tão pouco aproveitados? Se os mitos europeus permeiam uma infinidade de livros de fantasia e horror, por que cargas d'água nossas lendas são pouquíssimo utilizadas na literatura adulta? Sim, eu sei que existem alguns livros com histórias sobre o assunto, mas a influência estrangeira ainda é muito mais forte, mesmo entre os autores brasileiros (não é uma crítica, só uma constatação). Bem, eu tenho algumas teorias sobre o porquê disso acontecer, mas não cabe dizer agora. Portanto, fica a dica para aqueles que querem conhecer os monstros brasileiros, que poderiam ser muito bem utilizados em livros de terror ou fantasia. Também não estou falando mal dos livros que utilizam criaturas de outras culturas (o que seria muito hipócrita, já que eu AMO esse tipo de livro), estou apenas dizendo que nossas monstruosidades TÊM POTENCIAL PARA CONTOS, LIVROS TÃO BONS QUANTO! Sem ufanismo provinciano e burro, apenas digo que há espaço TAMBÉM para nossas lendas na literatura, que podem dividir as prateleiras com nossos amados livros sobre vampiros, dragões, bruxas e toda a fauna estrangeira que estamos acostumados. Basta saber usar e fazer boas histórias utilizando nossos monstrinhos! Material pra isso existe, e o livro Geografia dos Mitos Brasileiros é um bom referencial. Fica a dica para quem quiser tirar a prova.

Abraços, boa leitura!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O INCRÍVEL HOMEM QUE ENCOLHEU, de Richard Matheson


Em meio à grande oferta de novos livros de terror (90% sobre vampiros, menos da metade propriamente de "terror"), é raro aparecer um livro que desperta a vontade de comprar e ler na hora, ficando em primeiro lugar na lista de desejos literários. Para um fanático pelo gênero, qualquer novo livro de Richard Matheson é necessariamente um desses fura-filas. Ainda mais quando trata-se de um clássico nunca antes publicado no Brasil, considerado por Stephen King como um dos dez maiores livros de horror da história (bem, ao menos ele fez isso quando escreveu Dança Macabra em 1981, mas duvido que tenha tirado o livro de sua lista dos dez mais).

Estou falando de O Incrível Homem que Encolheu, da Editora Novo Século (que está atualmente publicando as obras do Matheson, em um trabalho bastante competente), que trás não só o romance homônimo, mas também 9 ótimos contos de terror e ficção.

Falemos inicialmente da atração principal, que mostra quase exatamente aquilo que o título entrega: na verdade, não se trata de um homem que encolhe "tudo de uma vez", mas sim de um homem que vai encolhendo aos poucos, cerca de 3 milímetros por dia; o encolhimento não pode ser interrompido, então o destino do personagem parece ser a diminuição gradativa rumo ao desaparecimento total.

O primeiro capítulo dura apenas uma página, refletindo o estilo rápido e sem enrolação do autor, que não perde tempo com detalhes desnecessários e oferece ao leitor verdadeiras montanhas-russas construídas com palavras; em poucas frases de um suspense eletrizante, somos apresentados ao evento que irá desencadear o martírio do personagem central, Scott. Em seguida e sem qualquer tempo para respirar, o capítulo 2 começa com o personagem central já encolhido, sendo perseguido pela sua nêmese na maior parte do livro, a viúva-negra que habita o porão de sua casa; mas calma, o livro não vai te deixar no escuro sobre todo o processo de encolhimento; a narrativa alterna a luta do personagem por sobrevivência enquanto está preso em seu porão (a ameaça da aranha, a busca por mantimentos e abrigo, etc), com flashbacks mostrando como foi o andamento de sua agonia, desde o momento em que conta para a esposa que acredita que está encolhendo até o momento em que fica preso no porão (e tudo que acontece nesse meio tempo, passando pelos tratamentos médicos, a curiosidade do público em geral, os obstáculos e perigos encontrados, etc).

O Incrível Homem que Encolheu é uma história que transcende o gênero terror, contendo elementos de drama, fantasia, aventura, ficção científica, etc, etc... Eu diria que o elemento mais marcante é o terror psicológico, aquele em que acompanhamos a angustia e desespero de uma pessoa que fica o tempo todo esmiuçando cada detalhe de sua situação abominável. Scott, que tinha cerca de um metro e oitenta quando ainda era normal, aos poucos vai ficando quase da altura da esposa, que tem um metro e setenta; como a maioria dos homens, Scott prefere as mulheres mais baixas que ele, sentindo-se assim no papel de macho-dominante e podendo dessa forma exercer sua virilidade. Virilidade essa que ele vai perdendo no decorrer da narrativa, envergonhando-se à media que vai ficando menor que sua consorte; o desejo sexual continua, porém o personagem não consegue superar a humilhação de ficar gradativamente menor e mais fraco que sua mulher; embora não seja em primeira pessoa, o narrador onisciente interioriza apenas Scott, deixando dúvidas se seus pensamentos paranóicos (ele acredita que a esposa está repugnada com sua estatura, por exemplo) refletem mesmo a realidade. Assim como o personagem de A Metamorfose, Scott se torna um estorvo para sua família, não podendo mais sustentá-la e atraindo atenção indesejada.

Quando está quase do tamanho de uma criança, Scott sente na pele os perigos que adultos estranhos podem oferecer para os mais jovens; quando se torna ainda menor, um grupo de crianças pode oferecer uma ameaça real; com o tempo, até o gato da família se torna perigoso, assim como sua filha de cinco anos. Porém, talvez haja uma saída para o personagem se recuperar, se não o tamanho, talvez outras coisas importantes...

As partes que mostram sua luta no porão são um pouco menos fantásticas, mas ainda maravilhosas; basicamente um filme "O Náufrago" com um homem de poucos centímetros tentando sobreviver sozinho, acompanhamos não só suas dificuldades de sobrevivência, como também o gradativo aumento das dificuldades; afinal, em um dia ele consegue escalar um degrau; dias depois, o mesmo degrau se torna tão alto quanto uma casa. Isso é apenas um dos exemplos da jornada de Scott por sobreviência, que apesar de não ter qualquer esperança de cura (pelos seus cálculos, ele irá desaparecer em poucos dias), ainda assim ele continua lutando, sem entender o porquê de não conseguir se entregar. O aspecto psicológico é tão bem trabalhado, em tantas nuances, tantas situações diferentes, tanta riqueza, que é simplesmente impossível esmiuçar toda a história nesse blog... acho que seriam necessários vários livros para analisar a complexidade total dessa obra-prima, que termina de uma maneira simplesmente espetacular. Não é um final que vai agradar a todos, mas enfim, é esse tipo de desfecho que se torna memorável.

Não é uma história que irá causar medo no leitor (ao menos, não o tipo de medo que faz ficar acordado à noite, atento à cada som noturno), mas sim o terror causado pelo suspense quase insuportável e pelo horror psicológico, que nos deixa presos nas páginas até a última palavra. Mais do que um livro de horror, O Incrível Homem que Encolheu é um verdadeiro tratado sobre a natureza masculina, abordando toda a destruição de um macho viril reduzido à algo que odeia e que acredita ser indigno de viver como homem.

Além desse romance maravilhoso, o livro também trás os nove contos já mencionados. E caras, a maioria deles é um tesão!

O primeiro conto se chama Pesadelo a 20.000 pés, que já foi adaptado para um antigo seriado (se não me engano, foi o Além de Imaginação) e também como um dos episódios do filme Amazing Stories, com produção de Steven Spielberg. Nessa história angustiante, um homem que viaja de avião vê algo na asa, algo que não pode estar lá, mas que parece real demais para ser alucinação. Convencer a tripulação do perigo parece impossível, então talvez ele mesmo tenha que dar um jeitinho.

O Teste mostra a situação de um filho que se vê incapaz de salvar seu pai de uma séria dificuldade. Creiam, falar algo mais do conto seria estragar a surpresa de uma narrativa tocante, mais puxada para a ficção científica.

O Homem dos Feriados foi para mim o único conto fraco da coletânea, não que seja ruim, mas perde muito na comparação com os demais. A premissa é pobre demais para causar qualquer impacto.

Montagem aborda a relatividade do tempo, que parece correr cada vez mais rápido à media que envelhecemos. Cansado de esperar pelo sucesso inevitável, um escritor deseja que o tempo passe como em um filme, onde só as passagens interessantes são mostradas. Típico caso de "cuidado com o que você deseja". Muito bom.

O Distribuidor parece ter sido a inspiração de Stephen King para escrever Trocas Macabras, mostrando as maquinações de um personagem diabólico de propósitos obscuros. Novamente não posso falar mais. Novamente uma história inesquecível.

Apenas com Hora Marcada é um conto sobrenatural sobre um barbeiro e seu cliente (que fica reclamando das dificuldades), que chama a atenção pela genialidade de uma idéia simples, do tipo que faz quaquer escritor dizer "porque não pensei nisso antes?". Final surpreendente, sorriso do leitor de orelha a orelha.

A Caixa também já foi adaptado para aTV e para o cinema (mas ao que parece, o filme não é muito bom). Um homem entrega uma caixa a um casal e faz uma proposta intrigante: se eles apertarem um botão que fica dentro da caixa, imediatamente eles ganham uma bolada em dinheiro; porém, também no mesmo momento, uma pessoa que eles não conhecem irá morrer. O final é de uma ironia ímpar, nesse que é o segundo melhor conto do volume.

O pódio de melhor conto (essa disputa é entre o contos, já que nenhum faz frente ao romance principal) vai para Encurralado, que também já virou filme, mas dessa vez nas mãos de um jovem e inexperiente Steven Spielberg. Quem viu o filme sabe o que esperar, porém o conto enriquece a narrativa devido à interiorização do personagem (um homem dirigindo por uma estrada deserta perseguido por um caminhoneiro que parece querer matá-lo), em uma das melhores histórias de terror psicológico que eu já li. O interessante é notar como o desfecho é menos cinematográfico que o do filme, que adaptou o clímax para que ficasse mais emocionante (algo que Spielberg sempre faz em seus filmes, tendo como exemplos mais notáveis os finais de Tubarão e Jurassic Park); este é o perfeito exemplo de como livros e cinema são mídias distintas que precisam de adaptações quando um livro é passado para celulóide: afinal, o excelente desfecho do conto é realmente mais adequado para a narrativa escrita, mas seria bastante sem graça caso fosse seguido literalmente no filme.

Uma pena que não tenham escolhido Encurralado para fechar o volume, já que a história Xô, Mosca! é um tanto fraca, embora seu final dúbio a torne mais interessante que O Homem dos Feriados. Aqui, um homem que espera por um importante cliente em seu escritório é atormentado por uma mosca que parecer querer enlouquecê-lo. Tá, pra quem já roeu as unhas lendo sobre aracnídeos gigantes, monstros aéreos e caminhões assassinos, uma mosca é insignificante demais.

Enfim, o livro trás um romance inesquecível, sete contos maravilhosos e dois continhos meia-boca que não comprometem o conjunto, que é compra MAIS DO QUE OBRIGATÓRIA para os amantes da literatura fantástica. De fato, qualquer apreciador do gênero deveria se envergonhar por ainda não ter lido essa obra-prima! Felizmente, é fácil remediar a situação.

Está esperando o que pra ir na livraria e comprar o seu? ;)

sábado, 20 de novembro de 2010

ASSOMBRO, de Chuck Palahniuk


Olá, frequentadores deste humilde recinto. Hoje, trago uma sugestão um tanto diferenciada, que talvez não faça a cabeça dos leitores tradicionalistas, mas que certamente agradará aqueles que gostam de novas experiências. Experiências extremas, no caso... bom, ao menos em parte.

Diferentemente da maioria dos livros postados aqui na Biblioteca Mal-Assombrada, o livro Assombro (Editora Rocco) não é propriamente do gênero terror. De fato, é difícil classificar as obras do escritor Chuck Palahniuk, mais conhecido como autor do livro que deu origem ao filme Clube da Luta. Com estilo irônico, cru e extremamente crítico, Palahniuk desconstrói as bases da sociedade em meio a palavrões e fatos científicos asquerosos ou perturbadores, em livros que nunca deixam o leitor indiferente. É o caso da obra em questão, que narra a história de um grupo de candidatos a escritores, que nunca conseguiram colocar suas idéias no papel, quando vêem um anúncio no jornal falando de um "abrigo para escritores", onde eles poderão escrever suas pretensas obras-primas sem as distrações da vida em sociedade. O detalhe é que eles ficarão literalmente trancafiados no lugar, com mantimentos, dormitórios e sanitários, mas sem qualquer possibilidade de fuga. Assim, sonhando com a chance de finalmente concluirem seus escritos, eles aceitam se submeter ao auto-isolamento no lugar. Escondidos sob pseudônimos como "Estripado", "Alcaguete" e "Baronesa Congelada", cada um deles vai contando sua história no decorrer da trama, sendo que cada história constituí um conto independente (embora traga ecos para a trama em questão). Em resumo, temos aqui uma legítima mistura de livro de contos com romance.

Na trama principal que amarra os contos, os romancistas começam a questionar e desobedecer as regras do tal abrigo. Enquanto alguns pensam em tentar fugir, a maioria conclui que aquela é uma oportunidade única, pois assim que sairem de lá, poderão contar suas histórias para os jornais, lançar livros relatando o assunto, filmes, etc! Enfim, desejam ficar ricos explorando a própria desgraça, porém há um problema... lá dentro eles tem todo o necessário para sobreviver, inclusive alguns confortos, então a experiência deles não está dramática nem trágica o bastante! É aí que alguns deles resolvem apimentar as coisas, com resultados hora assustadores, hora hilários. Enfim, é uma espécie de sátira os reality shows e à exploração de histórias de sobreviventes de desastres (impossível não pensar nos 33 mineiros, por exemplo).

Porém, não é a trama principal que me motivou a fazer essa resenha, e sim um dos contos propriamente ditos. De fato, o primeiro conto do livro, uma história tão aterradora, tão repugnante e asquerosa, que eu duvido que alguém consiga ler e ficar indiferente (e quem disser o contrário estará apenas bancando o blasé). Estou falando de TRIPAS, a história contada pelo personagem Barão Estripado. Não posso falar muito da história sem estragar as surpresas, mas posso dar alguns detalhes que vão deixá-lo intrigado: é um conto que fala, basicamente, sobre formas inusitadas de masturbação, bem como algumas que deram errado (ou, no caso do personagem principal do conto, MUITO errado); o autor vai narrando a história e passando informações técnicas com uma habilidade que deixaria Michael Chrichton com inveja, sem nunca parecer didático; no final das contas, esse conto é praticamente um "torture porn", que lembra filmes como O Albergue ou Jogos Mortais, só que com um resultado muito mais retumbante.

Outra coisa que preciso contar é sobre a minha reação quando li o conto pela primeira vez, há cerca de seis anos atrás. Francamente, não sei se foi porque eu tinha acabado de jantar, ou se a sala que eu estava lendo era muito abafada (eu sei, eu sei, parecem desculpas esfarrapadas, rsrs), mas precisei parar duas vezes para conseguir ler este conto até o fim. É sério, senti tontura e ânsia de vômito só no primeiro terço da história, que é o mais leve; levantei da cadeira, fui dar uma volta lá fora, e voltei; o conto foi piorando, e novamente fiz o mesmo; parar de ler nem passou pela minha cabeça, eu precisava ver como acabava! Então voltei e fui lendo, e lendo, e parecia que a coisa não poderia ficar pior, mas ia piorando mais e mais e mais... enfim, quando acabou, eu estava bestificado como nunca tinha ficado antes ao ler um conto, e como nunca mais ficaria outra vez.

Eu não fui o único a ter reações com o conto. Quando o autor foi convidado para fazer a leitura das primeiras páginas de seu livro para platéias dos Estados Unidos, diversas pessoas se levantaram passando mal e foram embora, enojadas. Ah sim, é claro que passei a história para alguns conhecidos meus lerem; a maioria queria me matar, outros não conseguiram chegar até o fim. Porém, um detalhe interessante sobre o conto é que ele fala muito mais alto para os homens do que para as mulheres, já que é bem centrado no universo masculino (ou na mente masculina). Em resumo, muitas mulheres não se impressionam muito, mas algumas sim.

Resumindo, esse conto é uma das coisas mais intensas que já li e, provavelmente, que você também vai ter lido. O livro inteiro vale à pena só por causa desse conto, que não deveria ser o primeiro, mas o último, já que todos os outros perdem na comparação. Não o resto do livro seja ruim (na verdade é ótimo); porém, a comparação acaba sabotando todo o restante.

Há mais duas histórias dignas de menção: Dissertação, que é uma visão muito interessante e criativa sobre a lenda dos lobisomens, talvez seja um dos melhores contos que já li sobre os licantropos; e Balada Fervente, outro conto de horror gore que narra o que acontece quando um homem é fervido vivo (asqueroso, porém um tanto forçado e menos natural que as bizarrices de Tripas).

Enfim, um livro difícil de classificar, mas que possui uma das histórias mais FODA que já li. Talvez essa minha resenha seja prejudicial para quem ficou curioso, já que devo ter elevado suas expectativas às alturas (e quando ficamos com grande expectativa, a possibilidade de nos decepcionarmos é grande), mas não consigo me segurar quando falo desse conto. Então, faça um favor a si mesmo e leia! Não me importo se você vier mentir que achou fraco ou que eu sou um maricas, ou que concorde comigo de cara. Apenas leia com o estômago na boca e respire aliviado quando chegar ao fim... isto se você conseguir chegar ao fim de Tripas.

Nem todo mundo consegue.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O GRANDE LIVRO DE HISTÓRIAS DE FANTASMAS, várias autoras


Bem, aqui estou de volta. Como ninguém veio aqui para saber o porquê de eu ter ficado afastado, porque voltei agora, etc, (mesmo assim, obrigado aos que sentiram minha falta!), vamos logo falar de O Grande Livro de Histórias de Fantasmas, da Editora Suma de Letras.

A idéia do organizador Richard Dalby (responsável por diversas antologias de horror) é muito interessante: um livro de contos de horror escritos somente por mulheres, trazendo assim uma visão feminina de um gênero que muitos consideram (sem qualquer embasamento) mais apropriado para autores homens. Talvez isso ocorra porque o número de autores famosos de horror é maior do que o número de mulheres, porém elas nunca deixaram a desejar, inclusive superando muitos "machões" no quesito medo. Várias das histórias presentes nesse volume (que na verdade, é uma compilação dos melhores contos dos dois volumes do Virago Book of Ghost Stories: The Twentieth Century, e do Virago Book of Victorian Ghost Stories) refletem essa inclinação ao macabro das "mocinhas", embora nem todas estejam no mesmo padrão de qualidade da maioria.

Sem dourar a pílula, posso adiantar o seguinte: o livro começa mal. Não interpretem errado o que vou falar agora, mas talvez isso reflita a escolha do organizador de ter organizado os contos em ordem de antiguidade, começando pelos mais antigos. Sim, leitor versado nos calabouços obscuros da literatura ancestral, eu também acho que histórias antigas de terror costumam ser muito boas, que o estilo gótico e vitoriano nos trouxe alguns dos mais belos contos de diabretes e abantesmas... no entanto, não podemos olhar para o passado distante com falsa nostalgia e negar a seguinte verdade: que também saiu muita PORCARIA nessa época, da mesma forma que sai hoje em dia. Enfim, os contos antigos que abrem este volume não chegam a ser ruins, mas também não empolgam nem causam arrepios, seja por terem envelhecido mal, seja por se apoiarem em clichês mal executados (falaremos mais um pouco sobre clichês logo adiante, já que esse é o ponto mais notável no livro em questão).

O primeiro conto, Napoleão e o Espectro (de Charlotte Brontê), é muito mais uma fábula delirante (e um tanto pretensiosa) envolvendo o famoso imperador. O final é o mesmo que você já leu milhares de vezes antes, e melhor. Obs. Devido à antiguidade do conto, podemos supor que o desfecho talvez não fosse tãããooo batido na época que foi escrito, mas isso não justifica o fato do conto ter envelhecido mal e do clichê ter sido mal-utilizado.

A coisa melhora um pouco com A História da Velha Babá, de Elizabeth Gaskell: uma jovem é chamada para cuidar de uma criança em um grande casarão, onde às vezes estranhos sons são ouvidos durante à noite (inclusive um grande órgão que dizem ser tocado pelo fantasma de um dos antigos moradores); com o tempo, a criança começa a ver alguém que não existe, o que pode trazer consequências funestas e macabras revelações sobre o passado. Sim, sim, você já viu essa história antes, mas a execução é boa o bastante para compensar a leitura.

O nível volta a cair com A História de Salomé, de Amelia B. Edwards. O conto se apóia em um dos grandes lugares-comuns da literatura de horror (e dos causos e lendas urbanas que todos já ouviram falar), que o leitor adivinha quilômetros antes de chegar ao fim. Duvida? Aqui vai a sinopse: conquistador barato se apaixona por moça estranha. Pronto, adivinhou? Não posso precisar se não teria sido esse conto a lançar o clichê pela primeira vez, o que perdoaria uma suposta falta de criatividade da autora, mas que não vai melhorar o conto para quem o ler nos dias de hoje. Tudo bem, o estilo da autora é leitura agradável, mas não é o bastante.

O conto seguinte, Realidade ou Ilusão (de Henry Wood... parece nome de homem, não?) é quase um repeteco de um dos contos anteriores. Ver tão cedo uma variante de um mesmo chavão é de desanimar qualquer um que tenha comprado a obra (de fato, foi o que ouvi de outros leitores).

Essa descida vertiginosa é brevemente interrompida por A Casa Velha da Alameda Vauxhall, de Charlotte Riddell, onde um jovem que brigou com o pai é acolhido por um de seus antigos empregados, obtendo permissão para passar a noite sozinho em uma casa de posse de seu bem-feitor, que ainda está desabitada. O clima do conto é bem construído, assim como o final satisfatório, que não tenta fazer qualquer "surpresa" com o leitor. Enfim, um conto honesto e eficiente, que trás esperanças ao leitor que já estava prestes a jogar o livro naquela caçamba de entulho que fica bloqueando a calçada (aposto que tem uma no seu bairro, não minta!).

E então, vem aquele que talvez, seja o ponto mais baixo da obra: A Porta Aberta, de Margareth Oliphant. Não que a história seja ruim, pois não é das piores... o problema é que a autora sofre de, digamos, deficiência de concisão (ou seria "excesso de prolixidade"? Você decide!), escrevendo um conto de 40 páginas (o mais longo do livro) que poderia ter sido escrito em 10.... não que tivesse ficado muito melhor assim, mas ao menos, o leitor teria perdido menos tempo com a história de um pai que precisa ajudar seu filho doente, que parece ser assombrado por uma aparição lamentosa.

Enfim, chegamos à página 127 de um livro com 455 folhas. O caminho até aqui foi praticamente uma montanha russa rumo ao centro da Terra, mas não desanimem! Depois desse ponto, os trilhos dão uma quinada em direção ao Sol! (ou para ser mais claro: o livro melhora 100%).

Em A Villa Lucienne, algumas senhoras de classe resolvem visitar uma propriedade distante, que uma delas deseja comprar. A deliciosa descrição das paisagens bucólicas contrasta com a arrepiante chegada à casa em questão, onde... bem, não vou contar. Essa história, assim como as outras, também tem lá seus clichês...

PAUSA PARA OBSERVAÇÃO! Eu tenho o seguinte pensamento sobre clichês: como praticamente tudo já foi escrito ou filmado, é praticamente impossível ler ou ver, hoje em dia, uma obra 100% original em tudo (ou seja, algo que não tenha nenhum clichê). Sempre haverá detalhes já vistos antes, sempre terá uma passagem que vai lembrar um livro ou filme já vistos... Enfim, o que se pode fazer à respeito? Como tudo já foi feito, então os autores e cineastas deveriam parar suas atividades e esquecer o assunto? Não, é claro que não. Então para contornar o problema, alguns deles (nem todos, infelizmente) tomam as seguintes medidas: ou capricham na execução, fazendo com que suas histórias tenham um nível de qualidade e estilo próprio tão bons que os clichês são perdoados, ou então abordam os clichês de maneiras novas e inusitadas, ou até mesmo com certa ironia (é o que eu chamo de "clichê bem usado), ou ainda trazem detalhes novos e originais, que compensam a existência de chavões, etc (só citei alguns métodos, mas ainda há outros!). Enfim, é impossível escapar de clichês, portanto, é necessário usá-los com sabedoria. Oras, alguns clichês são até mesmo necessários, já que a história fica estranha sem eles! Ou você acharia divertido ver o herói levar um couro do bandido, a mocinha por quem ele lutou tanto morrer de maneira absurda, etc? Eu sei, pode até ser divertido UMA vez ou outra, mas depois disso a piada perde a graça... de fato, se um "anti-clichê" for muito usado, ele acaba se transformando em um clichê. FIM DA OBSERVAÇÃO.

... mas estes são sutis e bem utilizados. Ah sim, e ao menos para a minha pessoa, este foi o primeiro conto do volume que me provocou alguns arrepios. E dos bons!

O conto seguinte, O Terreno Desocupado, de Mary E. Wilkins, acaba não soando tão bom devido à comparação com A Villa Lucienne. Mas isso não tira os méritos da trama sobre uma família que, após presenciar estranhos acontecimentos no terreno ao lado, descobre o porquê de terem conseguido sua casa nova a um preço tão baixo. Sim, você já adivinhou o motivo, mas aqui temos um dos fatores já citados na minha observação: a execução é competente o bastante para causar alguns arrepios, uma das metas principais e nem sempre atingidas de um bom conto de horror (ou seja, o típico caso em que as qualidades superam os defeitos).

O Carro Violeta, de E. Nesbit, é uma espécie de precursor do Christine, de Stephen King (que talvez King nunca tenha lido, o que caracteriza uma semelhança involuntária. Algo bem comum na literatura, acreditem). Uma senhora jura ver um carro assombrado passando por uma estrada todos os dias, e acreta que é obrigada a ver, pois caso não o faça, outro inocente irá vê-lo, sofrendo assim uma terrível consequência. O interessante aqui é ver um conto de horror que provavelmente foi escrito no início da popularização dos veículos de combustão interna, que são vistos pela autora de uma maneira receosa (e, de certa forma, profética). Nada de novo, mas vale à pena.

Em Os Olhos, de Edith Wharton, começa com uma tradicional conversa entre amigos sobre fantasmas (já repararam que alguns clichês são chamados de "tradição"?), cada um contando um fato estranho que já presenciou em vida. Histórias inofensivas são se suscendendo tranquilamente, até que os convidados incitam o anfitrião Culwin a contar a sua experiência. Uma experiência tão assustadora que talvez faça seus amigos folgazões se arrependerem da idéia. História excelente com um final misterioso, sujeito à diferentes interpretações.

Enquanto em diversas das histórias anteriores, seria impossível precisar o sexo das escritoras apenas lendo o conto, O Símbolo, de May Sinclair, é um dos contos onde o "toque feminino" parece ser mais marcante: na trama, uma solteirona mora com o irmão viúvo e caladão, que perdeu a doce esposa há pouco tempo. Aos poucos, a mulher vê o fantasma da cunhada aparecendo e tentando se comunicar, talvez tentando mandar uma mensagem para o marido. O Símbolo é uma das histórias mais tocantes do volume. Alguns a acharão piegas, mas que se danem esses monstros sem coração! :)

O toque feminino também pode ser percebido na romântica (e inquietante) Rosalind, de Richmal Crompton: aqui, um galanteador tem um filho com uma garota, mas resolve casar-se com outra de mais estirpe. A mãe de seu filho morre de desgosto, mas isso não significa que ela tenha desistido de seu amado... Conto bem conduzido e com um final satisfatório por ser um tanto inusitado, que não tem tanto a ver com o assunto principal, mas que agrada mesmo assim.

Falando em inusitado, o conto seguinte se chama A Caçarola Assombrada (de Margery Lawrence), cuja trama mostra um apartamento assombrado por... uma caçarola! O título e o tema fazem o leitor acreditar que está diante de uma paródia, mas surpeendentemente, este é um dos contos mais assustadores da antologia. Os fenômenos estranhos são mostrados de maneira angustiante e quase cinematográfica, deixando os nervos do leitor quase pulando pelos poros. A suposta teoria final é bastante interessante e, no final das contas, diria que essa é a história mais original do livro inteiro. "Bom" e "original" nem sempre são sinônimos, mas felizmente neste caso, são!

Ainda falando de objetos diabólicos, o conto seguinte se chama O Livro. Com toques de O Iluminado, esta história de Margareth Irwin é uma delícia para os fãs de uma boa leitura, que nunca mais vão olhar para suas bibliotecas particulares da mesma maneira.

Não conte para Cissie (de Celia Fremlin) mostra as desventuras de duas amigas que desejam viver uma aventura em um chalé assombrado, mas para que tenham sucesso, precisam despistar a colega desastrada que sempre transforma suas viagens em um desastre. Aqui, nos deparamos novamente com um clichê já visto em histórias anteriores, mas este é visto de uma ótica levemente diferente, trazendo frescor ao que poderia ser considerado um lugar-comum. Ah, e o bom-humor da escritora também ajuda a elevar a qualidade nas alturas.

Quem Andou Sentando no meu Carro, de Antonia Fraser, é um choque. Conforme já foi dito, o livro começa da história mais antiga até a mais recente (a primeira é de 1897, a última de 1991), então, se todos os contos anteriores tinham um estilo mais "classudo" e elegante, este aqui é grosseiro, seco e brutal. A história de uma mãe solteira e aparentemente reprimida ganha contornos freudianos quando um estranho fenômeno começa a acontecer: todos os dias, ela encontra sinais de que seu carro foi invadido por alguém misterioso. A polícia faz pouco caso de suas declarações, então ela resolve resolver o mistério sozinha, com resultados que beiram à misoginia. Um dos melhores e mais arrepiantes da seleção.

Em A Assombração da Residência do Reitor de Shawley (Ruth Rendell), dois homens resolvem passar a noite em uma casa abandonada, onde ninguém consegue permanecer por muitos dias. O desenvolvimento apenas correto do conto é compensado pelo final interessante e original (bem, já assisti um filme obscuro com a mesma premissa, mas como o filme veio depois, vou supor que o conto foi original, he he).

No tocante O Fantasma de Julho (A.S. Byatt), um rapaz vai morar no quarto alugado de uma senhora de meia-idade, e então começa a ver um garoto que sempre aparece no quintal. Este é um conto onde o desenvolvimento é o mais importante, então vou dizer apenas que vale muito à pena ler este.

O Sonho das Mulheres Loiras (A.L. Barker) mostra um "Don Juan" (outro tema recorrente nos contos das moçoilas) que se esconde de um marido furioso em um hotelzinho isolado. Tudo parece caminhar para um final feliz, porém o danadinho não consegue segurar seus instintos ao conhecer a esposa do dono do hotel. Mais clichês usados com maestria, em um conto dos bons!

Bem, bem, já me estendi mais do que desejava. Não vou falar de todos os contos, mas alguns merecem rápidos comentários: no excelente A Estrada para a Estação, uma mulher dirigindo sozinha durante à noite vê uma estranha aparição à beira da estrada, algo que a deixará apavorada, mas não a impedirá de tomar a decisão correta quando a hora chegar; A Torre que Ruge é bastante original, mostrando como a piedade de uma moça por uma estranha assombração irá superar qualquer medo que venha a sentir (a superação do medo é um tema recorrente no livro); A Amante Vestida de Negro mostra uma estranha aparição que ronda um colégio, num tema que vai lembrar os leitores de uma notícia recente que estampou nossos jornais.

O Grande Livro de Histórias de Fantasmas é recheado de clichês, mas felizmente, a maioria deles é utilizada com parcimônia e maestria, resultando em um livro de contos com saldo bastante positivo. Não desanime com as primeira 126 páginas e conheça diversas interpretações femininas para um dos temas mais assustadores do horror.

Abraços, boa leitura.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Suspensão Temporária das Atividades

Olá a todos. Vim apenas para oficializar o óbvio, ou seja, vou dar uma parada nas atividades do blog. Preciso resolver muitos problemas de caráter pessoal e profissional, e com tanta coisa na cabeça, simplesmente não consigo ter tempo e tesão de escrever aqui. Assim que puder, volto a publicar. Grande abraço, já estou com saudades :(

segunda-feira, 7 de junho de 2010

HISTÓRIAS QUE NOS SANGRAM, de Geraldo de Fraga


Sei que andei sumido, mas tenho motivos. Mas ainda estou vivo, conforme prova mais essa resenha quentinha postada no blog MedoB. Clique aqui e confira!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Divulgação: Fun House Xtreme - Especial Lobisomens


Olá, colegas leitores. A dica de hoje é o fanzine eletrônico Fun House Extreme (organizado e editado por Ian Godoy), edição especial sobre lobisomens!

Nesta edição especial há matérias excelentes sobre teorias da origem licantrópica, artigos científicos, reportagem especial sobre o grande Paul Naschy, abordagens de investigações de casos supostamente "reais" de aparições de lobisomens no Brasil e no exterior, uma entrevista com André Bozzeto Junior (do excelente blog sobre lobisomens Escrituras da Lua Cheia) e muitas informações sobre filmes de lobisomens, além de outras cositas mais. O link para baixar o fanzine é este aqui: http://www.4shared.com/file/zE-qDrit/FUN_HOUSE_XTREME_16.html

Abraços, boa leitura!

sábado, 22 de maio de 2010

Quem cambaleia sempre alcança! Os ZUMBIS estão chegando!!!


Amigos, está quase chegando o dia do lançamento do livro Zumbis - Quem disse que eles estão mortos? (All Print Editora, organização de Ademir Pascale) . Fui um dos dois autores especialmente convidados para escrever um conto no livro, e tenho muito orgulho da minha história Meu Inferno sou Eu, escolhida para abrir a coletânea. O evento será no dia 06 de junho, a partir das 17:00 na Ludo Luderia, Rua 13 de Maio, número 972, Rua Bela Vista, São Paulo. A entrada é franca.

Estarei lá, aguardando sua presença para trocar umas idéias sobre terror, filmes, livros, mortos-vivos e todos esses assuntos que adoramos. E é claro, quem quiser comprar o livro na hora, ganha autógrafo meu e de todos os escritores presentes. Qualquer dúvida, é só perguntar nos comentários. Veja o convite abaixo para mais detalhes:


Grande abraço, e até mais!

A Fantástica chegou!


Saiu o primeiro número da Fantástica, a revista virtual sobre fantasia e ficção científica. Clique aqui para conhecer o trabalho dos editores Luiz Ehlers, Felipe Pierantoni e Dhyan Shanasa! Abraços e boa sorte aos realizadores!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Edição especial da E-Zine Flores do Lado de Cima


Olá! Lembram do concurso de minicontos que falei, no qual eu consegui me classificar entre os 20 primeiros? Bem, aqui está a edição especial da zine Flores do Lado de Cima, trazendo os minicontos vencedores. Quem quiser baixar para ler o meu miniconto (e todos os demais, que estão excelentes e muito bem escolhidos!), você encontra o arquivo clicando aqui. Abraços, até mais!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Eu, eu, eu!

Semana de novidades sobre este humilde bibliotecario que vos fala! Tem entrevista minha, concurso para ganhar o livro Invasão (que tem um conto meu), divulgação do lançamento de outro livro que estou participando e algumas novidades boas (ao menos para mim, he he) no final do post. Então seja um leitor bonzinho e confira tudo até o fim!

Pra começar, o blog Criando Testrálios (sobre o mundo da fantasia) publicou uma entrevista minha, que pode ser lida clicando aqui. Além disso, o mesmo blog está fazendo um concurso com o livro Invasão, antologia de contos sobre invasões ao planeta Terra. Os contos são, em sua maioria, de Ficção Científica, mas o meu puxou um pouco para o terror também. Então, se quiser ganhar um exemplar, clique aqui e confira as regras!

A antologia Zumbis - Quem disse que eles estão Mortos? (All Print, organização de Ademir Pascale) está quase saindo do forno. O lançamento será dia 06 de junho, a partir das 17:00 na Ludo Luderia, Rua 13 de Maio, número 972, Rua Bela Vista, São Paulo. Se não der nenhuma zebra, eu estarei presente! Então, é mais uma chance para você me conhecer! Uh-húl! (calma, não precisa pular tanto de alegria...). Veja o convite abaixo para mais detalhes, espero que dessa vez PELO MENOS UM LEITOR DOS MEUS BLOGS compareça!!!! Huahauaha!


Por fim, o escritor e ensaista Roberto de Souza Causo escreveu uma matéria para a revista americana Locus, uma importante publicação sobre Ficção Científica.

Na reportagem, temos um panorama muito exato da literatura fantástica nacional, seu recente crescimento de uns anos pra cá, etc. Além de citar alguns dos livros lançados recentemente, Causo também citou o nome de alguns escritores... entre estes nomes, está o meu!!! (fazendo a dancinha da vitória enquanto digito isso). Caso queiram conferir se não estou inventando (seus desconfiados!), clique no scam da página abaixo, onde meu nome é citado. Está ali na terceira coluna, algumas linhas abaixo da palavra Invasão (em negrito). E quem quiser conferir a matéria completa, basta clicar aqui.


Por fim, o blog MedoB começou a publicar, além das minhas resenhas, meus contos. O primeiro conto postado O Lençol (que muitos de vocês já devem conhecer) foi muito bem recebido e está gerando muitos comentários, na maioria positivos, um ou outro negativo. Se quiser conferir a repercussão, basta clicar aqui.

Um grande abraço, e até mais!

domingo, 9 de maio de 2010

O LIVRO DAS CRUELDADES PARA OS QUE GOSTAM DE ANIMAIS, de Patrícia Highsmith


Quem já leu mais que uns 10 livros de horror e fantasia na vida já deve ter reparado uma coisa interessante: os autores desses gêneros parecem ser apaixonados por animais (principalmente gatos). A simpatia com que eles retratam os animais em seus romances e contos é evidente. Como exemplos mais significativos, consigo lembrar de H. P. Lovecraft, que tinha vários bichanos em sua casa e os tratou como heróis em À Procura de Kadath, onde o sonhador Randolph Carter é salvo por gatos em suas andanças oníricas, ou como vingadores de sua espécie no sinistro conto Os Gatos de Ulthar; Neil Gaiman, que parece ser do tipo que recolhe todo vira-lata que encontra na rua, retratou um gato preto como anjo guardião de sua família no magnífico O Preço (do livro Fumaça e Espelhos); Stephen King parece ser menos parcial, mas os animais de suas histórias nunca são mostrados com antipatia (e quando roteirizou o filme Olhos de Gato, fez questão de interligar as histórias com um bichano que, no final, salva Drew Barrimore de um Troll!). É claro que de vez em quando, King mostra animais como monstros, mas mesmo nesses casos os bichos são tratados com o respeito que merecem. No Brasil, Giulia Moon, Helena Gomes, L.F. Riesemberg e Martha Argel são os apaixonados por animais que me vêm à cabeça de imediato (a lista é extensa, paremos por aqui). Aliás, foi conversando sobre o assunto com Giulia Moon e Martha Argel que escutei uma interessante teoria sobre esse gosto por animais pelos autores de terror e fantasia: o escritor apaixonado pelo incomum precisa ser um observador, precisa olhar para fora de si e explorar o mundo com o fascínio de uma criança curiosa; os animais são fonte infinita de exotismo, maravilhamento e um toque de medo, já que muitos deles são bem assustadores, mas sempre apaixonantes. Animais são fonte de inspiração, objetos e personagens principais de lendas e mitos da humanidade! Enfim, é natural que pessoas de forte imaginação gostem de animais, pois são observadoras curiosas do mundo e de tudo que está nele, incluindo suas criaturas.

Além dos exemplos citados, temos uma escritora que levou beeem a sério essa paixão por animais: Patrícia Highsmith, autora do excelente O Livro das Crueldades para os que Gostam de Animais (Companhia das Letras, 1975). Mais conhecida por sua série de romances sobre o culto e homicida Tom Ripley (que já virou filme com o Matt Damon), ela escreveu essa antologia abordando um tema recorrente: a vingança dos animais contra seus agressores. Embora o livro não seja realmente de terror, não faltam mortes violentas e algumas passagens verdadeiramente macabras.

A antologia abre com O Finalíssimo Espetáculo da Corista, sobre uma elefanta que começa a se revoltar com sua prisão num zoológico. Narrado do ponto de vista do paquiderme, é um dos contos que humaniza o personagem animal, que lembra com saudades de sua infância na África, onde nunca mais irá voltar. Em determinado momento o bicharoco resolve dar um basta em sua situação, e quando um elefante resolve escapar, alguém sempre sai ferido. Ou pior. O final é de uma melancolia ímpar.

A Vingança de Djemal é uma das melhores (e mais aterradoras) histórias do livro, abordando os maldade do violento árabe Mahmet com seu camelo Djemal, que usa para ganhar dinheiro levando turistas para passear. Quando o animal falha em uma corrida de camelos, o proprietário espanca o bicho com a finesse de sempre, mas quando este revida, resolve vendê-lo. No entanto, um camelo, assim como os elefantes, parece não esquecer tão fácil... Embora pareça ser um conto sobre maus-tratos contra animais, o tema mais relevante é a perversidade humana, não apenas da pessoa de Mahmet, mas também de todos aqueles que o odeiam. Além da excelente ambientação, o interessante aqui é que o camelo não é antropomorfomizado, mas sim mostrado como um animal, sem pensamentos humanos nem nada do tipo. A maioria das histórias se desenvolve dessa forma. Particularmente prefiro assim, pois tira aquele ranço de "Fábula de Esopo".

Em Lá Estava eu, Amarrado a Bubsy, a morte do dono do velho Barão (um cachorro de grande porte) o coloca em uma situação difícil. Alvo de disputa entre uma bondosa mulher e Bubsy, o (aparentemente) amante do falecido, Barão é obrigado a morar com este último, por quem sente ódio recíproco. A convivência forçada tem um destino trágico, é claro. Histórinha boa, pero no mutcho.

A Maior Presa de Ming é sobre um gato (estava demorando para aparecer um, he he), e não vou me aprofundar muito. Se você estiver interessado, leia o conto clicando aqui. Essa é uma das histórias menos cruéis e mais sutis, mas já dá pra ter uma idéia do estilo da autora. Ah, detalhe para a ironia do título!

A história No Auge da Temporada das Trufas mostra com detalhes o trabalho dos porcos caçadores de trufas, usados para farejar a deliciosa iguaria que fica escondida entre as árvores. É claro, os porcos procuram as trufas porque querem comê-las, mas seus donos não permitem. Sansão, o gigantesco porco e personagem principal do conto, decide que essa condição de trabalho é injusta, e o resultado é previsível (embora o final seja de um humor negro bem eficaz). Quem já viu o tamanho que um porco pode atingir certamente vai se impressionar mais.

O Rato mais Corajoso de Veneza é, de longe, minha história favorita no livro. Vou resumir a equação da seguinte forma: grande rato de rua + bebê no berço = choro e ranger de dentes. Um primor da morbidez!

Há sete outros contos no livro, que decai um pouquinho a partir da metade, mas nada que comprometa. Ainda temos doninhas, baratas, bodes, cavalos, enfim, toda uma fauna furiosa e sedenta por vingança após tantos anos na posição de vítimas indefesas. O Livro das Crueldades é recomendado não apenas para os apaixonados por bichos, mas para qualquer um que aprecie contos recheados de ironia e (é claro) crueldade. Mas é claro que se você gostar de animais, irá se divertir muito mais! ;)

Abraços, boa leitura!

Dica de Blog: Cine Monstro


Olá, amigos leitores! Hoje, a dica de blog não tem a ver com literatura, mas sim com o horror no cinema. É o blog do jornalista Carlos Primati, um dos editores da antiga revista Cine Monstro (se você não lembra dessa revista, eu sinto pena de você, MUITA PENA! Ahauah). Enfim, os artigos são de uma qualidade ímpar, obrigatórios para quem se interessa por filmes do gênero (e outras cositas mais). Enfim, clique aqui, e divirta-se!

domingo, 25 de abril de 2010

FANTASMAS DO SÉCULO XX, de Joe Hill


Antes de mais nada, tem resenha nova aqui na Biblioteca sobre o livro Incrível! Fantástico! Extraordinário!, antes do post abaixo! Estou avisando porque coloquei muitos posts seguidos, rsrs.

E a resenha sobre o Fantasmas do Século XX pode ser lida clicando aqui.

Abraços, boa leitura!

Divulgação: Revista Digital Fantástica


A partir de maio, teremos uma revista digital sobre literatura fantástica na área. O nome não poderia ser melhor: Fantástica! Para saber mais detalhes, clique aqui. Abaixo, segue a apresentação do projeto:

É com satisfação que apresentamos este projeto, que será muito relevante à literatura nacional. A FANTÁSTICA é talvez a primeira revista digital voltada EXCLUSIVAMENTE para a literatura fantástica nacional.

É com grande motivação da FANTÁSTICA é criar um meio forte que consiga unir todos os públicos deste gênero, que ainda nos parecem um pouco dispersos.

A FANTÁSTICA é feita por autores e idealizada para todos os apreciadores deste gênero, tão adorado por tantos. Todos os envolvidos de alguma forma na ficção nacional, sejam leitores ou autores, terão seu espaço dentro da revista, que é GRATUITA, e está aí justamente para dar o suporte a todos que estiverem na batalha e acreditam em seu talento.

Envolvidos neste projeto, além de mim (Luiz Ehlers), estão os autores Dhyan Shanasa (O Livro de Tunes); Felipe Pierantoni (O Diário Rubro); Vincent Law (O Mundo de Avalon) e Leandro Schulai (O Vale dos Anjos). Todos têm se empenhado bastante de modo a garantir uma revista com qualidade e profissionalismo.

Esperamos poder contar com o apoio de todos na divulgação da FANTÁSTICA e que ela possa também ajudar a todos em seus objetivos dentro da literatura.

A primeira edição está prevista para o final de maio/10 e contará com os seguintes temas:

- MATÉRIA DE CAPA - Ele está chegando! Tudo sobre a aguardada sequência de Leandro Reis: O Senhor das Sombras;

- LIDO E ENTREVISTADO - após a devida leitura, fizemos uma entrevista com Victor Maduro, autor de Além da Terra do Gelo;

- TROCA TROCA - seção onde autores trocam de livros e um resenha sobre a obra do outro;

- EM FOCO - que fará a cobertura do lançamento da antologia de Ademir Pascale NO MUNDO DOS CAVALEIROS E DRAGÕES, recentemente lançada;

- CONEXÕES - é o espaço aberto dentro da FANTÁSTICA para expor o melhor dos blogs brasileiros de literatura.

Tudo isso e muito mais...

E é isso! Vamos aguardar ansiosos pelo projeto! Abraços, até mais!

sábado, 24 de abril de 2010

INCRÍVEL! FANTÁSTICO! EXTRAORDINÁRIO!, de Almirante


Quem nunca passou pela seguinte situação: um grupo de amigos ou parentes está reunido, conversando sobre qualquer assunto, e então, por um motivo qualquer, alguém na roda conta uma história de assombração; algumas pessoas falam "ai, não gosto dessas histórias de medo", mas ficam ali, escutando mesmo assim; um "causo" puxa o outro, pois todo mundo sabe no mínimo uma história "real", que aconteceu com um tio, um primo, com "a amiga da irmã de uma vizinha"; e, no final das contas, todos ficam ali algumas horas, olhando de forma hesitante para os lados enquanto os relatos vão se sucedendo, amedrontadores, apavorantes, deliciosos. No final, todos vão para casa com passos nervosos, sabendo que terão um sono agitado.

Os "causos" são histórias poderosas, remetem aos tempos primitivos onde os ensinamentos eram passados oralmente pelos sábios. Mesmo quem não acredita no sobrenatural acaba suspendendo momentâneamente sua descrença, quando alguém relata algo que jura ter sido real; afinal de contas, todos temos uma fascinação pelo desconhecido; tal qual Fox Mulder, nós queremos acreditar que o mundo não é essa chatice, e que ainda existem coisas que a ciência (essa grande estraga prazeres!) não é capaz de explicar. É nesse espírito que trazemos para a Biblioteca Mal-Assombrada o livro Incrível! Fantástico! Extraordinário!, de Almirante (Editora Francisco Alves, 1989).

Almirante era o nome artístico de Henrique Foreis Domingues, famoso radialista que, no dia 16 de setembro de 1947, inicou um programa pioneiro no rádio brasileiro: o Incrível! Fantástico! Extraordinário!, que trazia relatos de experiências inexplicáveis, vividas por pessoas de todo o país. Pesquisador emérito da cultura nacional, Almirante não imaginava que estava dando início ao programa de maior sucesso do rádio tupiniquim (nos áureos períodos pré-televisão), que duraria 11 anos. Boa parte do sucesso se devia à habilidade do radialista em narrar as histórias, mantendo toda a família presa em volta do radinho. O programa aceitava contribuições dos ouvintes, mas não era qualquer coisa que ia ao ar não! Eles tinham uma equipe encarregada de verificar a veracidade dos fatos (ou ao menos, o máximo que se podia considerar verdadeiro nesse tipo de história), checando nomes, endereços, testemunhos, etc... Bem, ao menos era o que diziam. Marketing ou não, isso aumentava ainda mais o pavor e o maravilhamento dos ouvintes, que tinham as mesmas sensações que nós sentimos nas nossas rodas de conversa sobre o assunto! Conforme conta Luiz Antônio Simas, do blog Histórias do Brasil, as narrativas atingiram em cheio o imaginário popular: crianças tinham medo de ir ao banheiro sozinhas por causa do fantasma da mulher de branco; taxistas ficavam com receio de levar passageiros até endereços próximos a cemitérios; até o presidente da República Café Filho admitiu que tinha medo de escutar o programa sozinho!

Infelizmente, o programa teve que ser cancelado em 1958, após Almirante sofrer um derrame que mudou completamente sua vida (ele continuou com outras atividades, vindo a falecer em 22 de dezembro de 1980). Ou seja, o programa só acabou porque ningúem mais poderia tomar seu lugar.

O livro da Francisco Alves resgata alguns dos relatos do programa, oferecendo um mostruário geral sobre os tipos de histórias apresentadas. Não eram apenas causos de horror, mas qualquer fato que fosse "Incrível! Fantástico! Extraordinário!", qualquer acontecimento bizarro ou inexplicável, tinha seu lugar nas apresentações radiofônicas do Almirante. Assim, você vai encontrar aqui histórias sobre pombas que acompanham velórios e se recusam a sair do rescinto, pessoas que honram seus compromissos mesmo após a morte, estátuas que parecem criar vida na calada da noite, previsões que se realizam, milagres do dia a dia, fantasmas, teletransporte, aparecimentos noturnos de pessoas que moram a quilômetros de distância, etc.

Algumas das narrativas se destacam, como a aterrorizante aparição no relato "A Mãe dos Chorões" (me arrepio só de lembrar), ou a abantesma que surge para uma criança em "O Padre Sinistro". Em "O Morto cumpre sua Ameaça", uma brincadeira de mau gosto gera consequências indesejadas. Em "A Promessa", as aparições em uma estradinha de terra se tornam tão frequentes que ficam até corriqueiras, e em "A Morta", uma fazendeira descobre que não dar pouso para uma grávida sem teto pode ser uma má idéia. O diabo também faz das suas, podendo ser sentido em "Três Gotas de Sangue", mas são os espectros que dominam a obra. Os relatos são curtos, normalmente não tem mais de duas páginas; afinal, causo que é causo não pode ser muito complexo, senão vira conto ou até romance (sempre tem um chato que não termina nunca de contar sua história, rsrs). Apenas se narra um acontecimento, sem firulas.

Os mais atentos devem ter notado que, na capa do livro, está escrito "outros casos verídicos de terror e assombração". A palavra "outros" está ali em alusão a um livro que Almirante lançou em 1951, compilando 70 casos de seu programa. Infelizmente, essa obra não teve reimpressão e é muito difícil de ser encontrada. Se você tiver a sorte de achar um, compre na hora (e se quiser me vender, é só entrar em contato pra gente conversar, he he). Enfim, essa versão lançada por Almirante não contém os mesmos relatos do livro da Editora Francisco Alves, cappici?

Incrível! Fantástico! Extraordinário! reproduz um pouco do clima das rodas de conversa sobre malassombros, além de resgatar um período em que a imaginação ainda não havia sido suprimida por imagens televisionadas. E é no espírito do rádio que concluo:

"Senhoras e senhores da família brasileira, esta foi mais uma dica imperdível de sua Biblioteca Mal-Assombrada, o melhor lugar para povoar suas noites com entidades do além-túmulo! Agradecemos sua presença, e até mais!"