sexta-feira, 16 de abril de 2010

AS RUÍNAS, de Scott Smith


Já falamos de livros sobre animais assassinos, agora chegou a hora de uma variante aqui na Biblioteca. Uma história sobre outro tipo de organismo homicida, algo que poderia ficar ridículo nas mãos de um escritor pouco habilidoso, o que felizmente não é o caso de Sccott Smith (autor do excelente Um Plano Simples, transformado em um filmaço por Sam Raimi).

A narrativa tem início em algum ponto de Cancun, onde dois casais norte-americanos passam tranquilamente suas férias. Em meio ao paradisíaco cenário, eles conhecem um jovem alemão, que está preocupado com o irmão que sumiu há alguns dias, após ter partido em uma expedição arqueológica alguns quilômetros dali. Os turistas resolvem acompanhar o sujeito, levando consigo um grego com quem fizeram amizade (ou ao menos, o mais próximo de amizade que se pode fazer com alguém que fala um dialeto impossível de compreender) e, guiados por um mapa, viajam até uma trilha inóspita nas matas mexicanas. Os habitantes do lugar tentam dissuadí-los de sua empreitada, mas eles insistem e acabam chegando às tais ruínas que procuravam, local onde o irmão do ariano supostamente deve estar. Para surpresa de todos, eles são cercados pelos nativos da região, que não os deixam sair do perímetro das ruínas; agora, eles precisam lutar para sobreviver em meio à uma estranha presença que parece rodeá-los, algo que pode estar mais próximo do que eles imaginam.

As Ruínas é a típica história de pessoas normais confrontadas por uma situação limite, presas em uma armadilha que parece ser impossível de escapar. É muito fácil descobrir no que consiste a ameaça da história (quem levar mais de 30 segundos pra encontrar no Google leva uma "pedala Robinho"); não vou soltar esse spoiler; no entanto, mesmo sabendo de antemão quem é o "monstro", vale muito a pena ler esse livro, cujo maior diferencial é o clima. Nunca antes li algo tão semelhante a um pesadelo, um longo sonho ruim onde sabemos desde o início que algo terrível vai acontecer, e ficamos com vontade de avisar os personagens para não fazerem aquilo, para voltarem atrás enquanto é tempo... No entanto, nada podemos fazer além de assistir o horrível destino para o qual se encaminham. A desesperança é tão marcante, que pode ser percebida logo nas primeiras linhas, em uma situação que, se narrada de outra forma, pareceria idílica.

Além disso, o autor sabe usar os lugares-comuns do gênero a seu favor: embora os personagens pareçam, de início, absolutamente clichês ("o espertão que manja tudo de sobrevivência", "a patricinha que não quer se aventurar no matagal", o "quieto", etc), aos poucos eles vão revelando facetas imprevisíveis, sutis, escapando de caírem na caricatura. A insuportável tensão que permeia o livro é, principalmente, psicológica. Assolados pelo desespero, sede e fome, os personagens começam a se rebelar entre si, provando mais uma vez que o pior monstro é o interior (eu sei, eu sei, muito profundo isso!).

Mas é claro, além do suspense, é preciso mostrar um pouco de sangue, e isso não falta em As Ruínas: momentos de horror, pavor e nojo aguardam pelos corajosos leitores, que já devem estar ansiosos em conhecer mais uma obra recomendada por este humilde bibliotecário. O livro foi adaptado para o cinema em 2008, de forma competente, embora tenha algumas diferenças significativas que diluem bastante o terror da obra (sem contar o final do filme, que alivia bem mais que o livro).

Concluindo, As Ruínas é uma experiência intensa, algo que não sairá de suas mentes por algum tempo. E se não acreditam em mim, então acreditem nas palavras do mestre Stephen King, que se referiu ou livro como "um longo e desesperado grito de horror". :O

Abraços, boa leitura!

4 comentários:

  1. Excelente resenha, caro colega. Este é um dos livros que pretendo ler. Recentemente tenho dado espaço a autores sem tanta projeção no país. Tem muita coisa boa perdida por aí, como "Incubus", de Ray Russell. Ótimo livro - que não esperava ser tão bom - e que indico a você, se já não tiver lido. Sobre "As Ruínas", eu já vi o filme e achei bem bacana. Vou conferir o livro. Abraço!

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  2. Opa, valeu a indicação, vou conferir esse também. Abraços!

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  3. Excelente resenha, Mário, como é costume agradável da Biblioteca. Não pare! Abração!

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  4. amigos leitores, acabei de ler o livro e não tenho muita leitura de horror para comentar, mas achei um pouco preisível e com enredo meio batido. mas é relativamente bem escrito e de leitura rápida. recomendo para quem gosta de terror. Abraços

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