sexta-feira, 4 de setembro de 2009
O PAÍS DE OUTUBRO, de Ray Bradbury
Bem, hora de atualizar a biblioteca. Para me redimir da demora, vou falar sobre um dos meus livros favoritos, certamente uma das melhores antologias da literatura do horror e do sobrenatural: O País de Outubro, de Ray Bradbury.
Ray Bradbury, para quem não sabe, é um dos autores norte-americanos (de ficção científica, horror e fantasia) mais premiados de todos os tempos. Publicou mais de 30 livros e 600 contos, recebendo prêmios importantes como o Nebula e o Hugo. Entre suas obras mais conhecidas, podemos citar Algo Sinistro Vem por Aí, Fahrenheit 451, O Homem Ilustrado, O Homem Ilustrado, Remédio para a Melancolia, o Vinho da Alegria, As Crônicas Marcianas, etc e etc.
Suas histórias possuem uma qualidade única, a poesia. Mesmo um conto sobre algo particularmente escabroso (como um bebê assassino, por exemplo) é recheado de poesia e encantamento, uma aura de mistério e nostalgia que nenhum outro escritor consegue igualar. Os contos de Bradbury são pura poesia em forma de prosa, o que não diminui em nada o fator horripilante de seus textos. Muito pelo contrário, o cara escreveu história que são verdadeiras fábricas de calafrios.
Pois bem, Ray Bradbury atingiu seu ápice (na minha opinião, é claro) com o livro O País de Outubro (editora Francisco Alves, 1981, coleção Mestres do Horror e da Fantasia). A obra (prima) reúne 19 histórias incríveis, fantásticas, lindas e aterrorizantes. Nem todas são de terror, mas todas valem muito à pena. Como de costume, vou falar um pouco de algumas delas, para vocês terem uma idéia do que os aguarda (sim, pois vocês VÃO comprar esse livro! Não há desculpa para um apreciador do horror não ter um exemplar na estante!).
O livro abre com O Anão, uma tocante história sobre um anão (dãã) que vai todos os dias no Labirito de Espelhos de um parque de diversões. Uma funcionária do local fica fascinada com seu comportamento, despertando o ciúme de um colega de trabalho.
O Esqueleto mostra o medo doentio que um homem sente do próprio esqueleto. Para sua sorte (ou azar), alguém pode resolver seu problema... Enfim, uma obra de arte do macabro.
A Jarra fala sobre um homem simples, que fica maravilhado com o deformado conteúdo de um jarro numa exposição de aberrações. Ele compra o jarro, esperando conseguir o respeito das pessoas em seu povoado. Uma idéia que funciona a princípio, porém a esposa megera resolve acabar com sua alegria. O final é um primor.
O Lago é um conto de terror capaz de causar calafrios e lágrimas ao mesmo tempo, o tipo de coisa que poucos escritores são capazes (mas algo fácil para Ray Bradbury): um homem volta com a esposa para o lago onde, durante sua infância, uma amiga querida se afogou. O corpo nunca foi encontrado, mas será que isso significa que ela nunca mais vai voltar?
O Emissário é perfeito. Daqueles que não dá pra falar nada além de LEIA.
O Pequeno Assassino fala sobre uma mãe com aparente depressão pós-parto. Das sérias, já que ela acredita que seu bebê quer assassiná-la! Mais uma trama delirante (do tipo "Além da Imaginação"), mais um conto perfeito. Um dos meus favoritos de todos os tempos, aliás.
Em A Multidão, o interesse mórbido que as pessoas sentem ao ver um acidente de trânsito é visto por outro prisma: e se houver um interesse escuso nesse fascínio todo?
A Segadeira mostra o destino de uma família pobre que encontra uma casa desocupada no meio de uma gigantesca plantação de trigo. Há um homem morto lá dentro, e a comida parece brotar magicamente na despensa. Parece a resposta para as preces de todos eles, no entanto há um preço muito alto para qualquer um que deseje morar lá. É outra das minhas histórias preferidas, com um desfecho magistral.
E por enquanto é o bastante, pois acho que já falei demais. Como já disse, é uma obra obrigatória, portanto, se tiver a chance de comprar, manda ver. Mais uma recomendação sem erro, você não vai se arrepender. Ah, e se quiser conhecer o trabalho do escritor antes de comprar o livro, é só clicar aqui para ler alguns de seus escritos (cortesia do amigo L. F. Riesemberg).
Abraços!
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Cara, esse livro é FANTÀSTICO!
ResponderExcluirMuito bom mesmo! Faz tempo que li, e não consigo obter um exemplar! É difícil de encontrar!
Lendo esse post fiquei louco pra ler de novo esses contos!
Um grande abraço!
Acho que o meu primeiro comentário não foi enviado.
ResponderExcluirCara, acho esse livro FANTÁSTICO!
Cada vez que vou a um sebo aqui em Porto Alegre procuro por um exemplar.
Ao ler teu post fiquei mais a fim de ler novamente esses contos. Um grande abraço!
Caraca, quase não acreditei quando vi que você havia feito essa resenha. Esse livro é perfeito, um dos meus favoritos de todos os tempos. Infelizmente perdi o meu exemplar, mas recordo muito bem das maravilhas que Ray escreveu aqui. Não esqueço de um conto sobre um casal que vai passar as férias em uma vila no México, se não me engano, e a mulher fica com medo das criptas cheias de múmias que encontra por lá. Sabe o nome?
ResponderExcluirLivro legal, né Luiz? Esse conto que vc mencionou se chama O Próximo da Fila, é realmente ótimo. Abraços!
ResponderExcluirPor causa da Biblioteca, conheci e adquiri duas obras indispensáveis à estante de qualquer fã do fantástico. Falo de "Obras primas do conto fantástico" e "Visões da noite". Agora, com certeza, "O país de outubro" fará parte da minha sombria coleção. Que vc continue a nos presentear com estas pérolas, Mário. Abraços!
ResponderExcluirQue bom que gostou dos livros, Victor! Esse também é investimento sem risco, você vai adorar. Valeu pela força, abraço!
ResponderExcluir"O País de Outubro" foi a primeira coletânea que li do Bradbury e, até hoje, é uma das minhas favoritas.
ResponderExcluirAqui em Aracaju é difícil de encontra esse livro, sabe algum site onde posso baixar???
ResponderExcluirvaleu!!!!